sexta-feira, 26 de outubro de 2018













                                 Sabe que não me lembro? Ia trabalhar. Andava despreocupadamente, tinha tempo para chegar ao trabalho. Saíra muito cedo de casa.  Olhava as pessoas, a paisagem, os prédios, a caminho do Wimpy Bar, embalado por uma canção qualquer, porque ainda não conhecia o danzon nº 2 de Arturo Marquez, posto que só em 1994 viera o maestro, por encomenda da Universidade Autônoma do México, compor este danzón. Nem sei porque estou falando do danzón, eu nem sabia da existência desta dança cubana, na qual ele se inspirou para compor sua obra.Nem sei qual versão eu mais gosto. A de Gustavo Dudamel, não sei se porque a foi a primeira que ouvi, me parece imponente, rica, na melodia, no compasso, em tudo.  Na época, reinavam os Beatles, de cujas canções, eu, ingenuamente, fazia restrições. Foi justamente quando percebi as pessoas correndo feito loucas todos na mesma direção. Eu também corri, mas sem saber o que estava acontecendo. São os Beatles, me disse alguém. Não consegui ver a cara de nenhum deles que estavam entrando em sua loja na Baker Street. Como fui estúpido. Na escola, os professores malhavam seus conterrâneos. Sujos, aqueles cabelos que nunca lavam. Depois, aquilo não é música, é barulho.