sábado, 8 de setembro de 2018












                           
                              Que nome darás à tua paixão por Purcell? Henry Purcell da Dido e Enéas? Terás tu a visto em tua estadia naquelas,  terras de tão comum nevoeiro? O que te restou da terra de Shakespeare? Tua paixão pelo bardo, continua o mesmo? Ainda segues os passos de Hamlet na escuridão? Inda ouves os gritos das feiticeiras no Macbeth, surgindo do fundo do teatro, andando e assustando a plateia? O bem e o mal é tudo igual, o Belo é feio, o feio é belo. Deus e o Diabo tudo igual.
                           - Oh, céus! quem são estas figuras disforme, dizei-me vós.
                           - Viva Macbeth, nós te saudamos, thane de Glamis, thane de Caudor, que será nosso rei!
                                 - Para longe, oradoras imperfeitas, não quero ouvir estas saudações proféticas?
                            - Gerarás reis, embora tu não seja, Viva Macbeth.
                                    - Sumiram, onde foram parar, querido Banquo?
                                    - No ar, tudo parecia tão corpóreo! Oh tivessem demorado mais um pouco.
                                   - Teriam estado aqui mesmo, ou comemos da raíz que aprisiona a razão?

quarta-feira, 5 de setembro de 2018













                                         Há fatos ou pedaços de nossa vida que a gente guarda até o túmulo, outros, a gente esquece e por mais que façamos esforço para relembrar, não se recorda. Caiu na vala do esquecimento. Foi o que aconteceu com minha chegada a Londres. É tudo tão nebuloso, parece que o fog londrino tomou tudo de assalto, e tudo fica longe que a memória não alcança. Não quero discorrer aqui sobre a memória ou coisa parecida. Não é um ensaio ou uma tese para a Oxford, apenas dizer que Londres me envolveu no seu fog e eu me perdi por muito tempo. Sei que era uma manhã primaveril e que a cidade se preparava para a Copa do Mundo, quando foi campeã e assistiu o brilho de Eusébio, um angolano jogando por Portugal. 

segunda-feira, 3 de setembro de 2018














                                                        Escrever diretamente no computador tem suas vantagens, mas às vezes as vantagens são superadas pelas desvantagens. Imaginem que agora, depois de ter escrito uma página quase inteira, toquei inadvertidamente em alguma tecla que apagou tudo o que já tinha escrito. É de lenhar. Difícil é dizer o mesmo que se disse antes, e como não tou afim de encher meu saco, vou escrevendo o que me ocorrer, sem me preocupar com o que tinha dito. E para me assegurar de que não acontecer a mesma coisa vou logo salvando a merda escrita para que não resvale novamente para o esgoto. Não mais se preocupar com historinhas, enredos, entrechos, trama ou mais que se queira dar o nome, tampouco com personagens isto ou aquilo. Chamem-no do que quiser. É o escrito e pronto.