Logo, logo estava trabalhando. Era fácil arranjar trabalho em Londres. Você conseguia trabalho até de uma hora por dia. Para quem estudava era ótimo. Acho que foi no Golden Egg o meu primeiro emprego, ora penso que fora no Wimpy Bar. Não consigo me lembrar comecei. Em ambos, sei, fazia hamburgeres e outra iguarias. Inglês não tem a mesma finesse no comer. Comem qualquer porcaria, apesar de que, algumas de suas porcarias eram muito gostosas.
sexta-feira, 31 de agosto de 2018
quarta-feira, 29 de agosto de 2018
Jussiê não estava lá quando cheguei, mas o senhorio já sabia que eu vinha e estava me esperando. Um polonês simpático e até de certa forma conversador. Ele me disse que Jussiê tinha ido para a Escola, onde estudava inglês, a mesma que eu iria estudar, nas primeiras semanas em Londres. Como disse, não estava frio, o clima ameno de primavera. Ele mostrou o quarto, explicou como usar o aquecedor. que movido a gaz e disse mais algumas regras da casa e me entregou a chave do quarto.
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
A viagem, enfadonha. Pegara o trem na Gare de Nord em Paris até Calais. Aí entrar no ferry-boat, não havia o eurotunel. Cansativo, o ferry leva quase quase três horas para atravessar o canal da Mancha. Tinha sono, queria encontrar um jeito de dormir. Aconchegar-me numa cadeira, mas o balanço do mar não deixava. Além do mais, havia um grupo de brasileiros fazendo zoada. Incrível, onde tem brasileiro tem zoada. Gostam de aparecer. Não se importam com o olhar de reprovação das pessoas. Havia um que se dizia, físico, baixinho, magrinho, cabelo quase carapinha. Ele ficava o tempo todo fazendo trocadilho da nossa expressão, qual é, com a palavra Calais. Eu já estava de saco cheio, mas tive de suportá-lo até Dover, quando pegamos de novo o trem para Londres e graças a Deus, não mais o vi. Nem me ficou na memória o seu nome.
domingo, 26 de agosto de 2018
O pequeno Richard devia ter 8 anos talvez. O pai era polonês, fugido da guerra, a segunda, talvez judeu, não sei, nunca me disse. Richard falava polonês com o pai. A mãe era espanhola. Ele falava espanhol com a mãe. Com as demais pessoas falava inglês. Um dia ele me viu falando espanhol com a mãe. Ah, usted habla español? Nunca mais falou inglês comigo, só espanhol, mesmo que tenha eu pedido que falasse inglês, afinal estava ali para aprender o inglês. Não, só me falava em espanhol.
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
Era uma manhã primaveril quando cheguei à rua Perham Road, 54, Hammersmith, London, 14, 9SS, Reino Unido. eles gostam assim: Reino Unido, mais que Inglaterra. Acham que dá um ar de nobreza, porque inglês come e caga nobreza e fofocas. O polonês me recebeu. Jussieu estava na escola. Morto de cansado. Calais me havia matado. E logo me levou o polaco ao quarto que me havia reservado. Tomar um banho e dormir. Colocar uma moeda no aquecedor.
quarta-feira, 22 de agosto de 2018
Dizer não é dizer. Por mais que digamos palavras já ditas, que criemos outras nunca ditas, não conseguiremos dizer o que realmente sentimos. Nisto, acho, o pintor leva a dianteira, às vezes, com um simples traço diz mais do que todas palavras do mundo. E que dizer da música? Quem seria capaz de expressar, efetivamente, todo o sentimento contido no Requiem de Mozart? A música é a mais linda das artes e ao mesmo tempo a mais fácil de se divulgar porque não se precisa entende-la, apenas gostar.
PREFÁCIO
Que fazer neste prefácio? Digo o que vou escrever? Como escrevi? Digo que é um romance e falo dos
personagens? Do enredo? Como? Nem sei se será um romance, se terá personagens, história, entrecho ou enredo. Contrariamente a schopenhauer nem sei mesmo o que vou escrever. Uma coisa é certa: Se for romance, ele nunca será na forma de um Balzac, embora não acredite que seja tampouco na forma do nouveau roman. Logo, melhor ficar calado
e deixar que vocês naveguem nestas páginas e descubram cada um de sua maneira, o que nelas vai
escrito e não escrito, posto que sabemos, o mais que se diz não está escrito.
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